Relato de Parto Natural/Leboyer

13 set

Por Denise Nappi

Fotos do acervo pessoal de Henry Bugalho e Denise Nappi [e de Phillipe tb]

Fotos do acervo pessoal de Henry Bugalho e Denise Nappi [e de Phillipe tb]

Quando comecei a pesquisar sobre as melhores opções de parto, tanto para mim quanto para o bebê, cheguei a conclusão de que eu queria parto natural, igual nossas bisas, índias e vaquinhas do campo, sem nenhum tipo de interferência médica, porém assistida por um parteira em ambiente hospitalar. Pronto, o plano era esse, então comecei a ouvir: Você está louca! Assim, sem anestesia, sem nada?!? Você não vai aguentar, vai implorar por medicação… blá blá blá.

Pois bem, bebês nascem na semana 40 (praticamente 10 meses), na semana 33 eu quase entrei em trabalho em parto prematuro e por isso tive que segurar o máximo ficando de repouso, estaria liberada na semana 37, assim foi feito…

Segunda feira, 26/08/2013 acordo com uma ligeira cólica, nada que me incomodasse…

Recebi minha doula em casa (uma pessoa que contratei para preparar meu psicológico e aguentar as longas horas de um trabalho de parto). Encontrei umas amigas e tudo parecia normal.

19h:30min da noite vou ao mercado, chegando lá sinto a bolsa estourar, com muita calma entro na fila, comento com a caixa e vou a casa fazer o jantar, eu já sabia que depois de estourar a bolsa, podia demorar ainda muitas horas, muitas dores e blá blá blá, eu saberia a hora certa de ir ao hospital, então fui fazer meu strogonoff, que estava morrendo de vontade.

Entre uma mexida na panela e outra, eu comecei a ter cólicas mais fortes, eu sabia que eram as contrações, mas como pintam como um horror, eu ignorei e pensei: Vou esperar o máximo que puder.

10h da noite fica pronto o jantar e eu não conseguia mais sentar para jantar, fui ao banheiro e… sangue!

Daí foi o bundalelê. PQP, corre que tem sangue! Liguei para a doula e me orientou: Larga tudo o que está fazendo e corre pro hospital!

O hospital que eu escolhi fica a 40km de casa, então entramos no carro e fomos embora, eu com aquela cólica forte e nada demais…

11h da noite chegamos no hospital, eu andando e vem o cara que recebe para encaminhar para o setor correto e pergunta se eu era primeriza (termo que usam para dizer que você nunca teve um filho antes, ele me perguntou isso, pq primerizas podem demorar até 30 horas depois de dar entrada no hospital para dar a luz). Eu disse que sim e nos dirigimos a parte do paritório do hospital, fui andando, era super longe. Quando comecei a caminhar eu disse para o homem: Eu já estou empurrando!! (uma mulher começa a empurrar naturalmente para fora seu bebe quando ele já está na “porta”).

Cheguei lá super calma, a mulher fez o exame de toque e disse: Você está com 10! (10 de dilatação, onde o bebe começa a sair…) hihihihi

O tal do Paritório

O tal do paritório

Não tivemos tempo de colocar nem a camisola do hospital, corremos para o paritório e começaram a encher a banheira para que o bebe nascesse na água. Ali ela colocou monitores sem fio em mim e constatou que seria melhor não entrar na banheira porque o bebê estava nervoso com a situação. Nessa hora eu comecei a sentir muita dor, gritava por anestesia, mas meu plano era esse, não ter nenhum tipo de medicação no meu parto, então apesar de toda dor e gritaria, eu queria estar fiel ao meu plano, mesmo porque já estava chegando ao final. A mulher então me trouxe uma cadeira de parto, para que eu tivesse ele de cócoras e com minhas próprias mãos o acolhesse assim que ele saísse, eu não aguentava, fechava as pernas e não deixava sair. Então passamos para a cadeira de parto… ali fui ao inferno da pior dor do mundo e ao céu que é poder estar presente 100% e sentir cada passo da vinda do meu filho. Meu marido falava que já via a cabeça dele e que era cabeludo, me trouxeram um espelho e eu pude constatar. Aí aconteceu outro fato curioso (para quem me assistia):

eu tinha momentos terríveis de dor, ele se aproximava mais e momentos de puro relaxamento, onde eu ria e ficava em paz com tudo por um longo intervalo de tempo.

Em cerca de 20 min assim, as 23:42 chega ao mundo o bebe Phillipe, que foi colocado diretamente em minha barriga, sem intervenção medica alguma – 5 minutos depois, quando a placenta já não pulsava meu marido cortou o cordão umbilical.

Eu não permiti que me fizessem nenhum corte, nenhum ponto, que não me colocassem nenhum tipo de agulha ou soro, queria que fosse tudo o mais perto da natureza possível, e assim fizeram a minha vontade.

Ficamos ali no paritório os 3, por 3 horas, se conhecendo e se cheirando. O bebe tem um instinto de se arrastar da barriga e vir até o peito da mae, onde ele fica agarrado, e ali ele ficou assim que nasceu.

Phillipe assim que chegou no quarto grudou no peito da mãe e não saía mais

Phillipe assim que chegou no quarto grudou no peito da mãe e não saía mais

1 hora depois, fui dançando, rindo e cantando tomar banho, sempre com o meu marido e o bebê juntos, 3h da manha nos subiram para o quarto onde ali trouxeram todo o equipamento para as primeiras provas, peso, medida, aplicação da vitamina k, colírio, etc… 3.010kg e 48cm.

Enfim, tive o parto que eu sonhava, eu não queria passar por essa terra sem sentir o que era aquela dor que tanto falavam, não queria ter um bebê sem estar 100% presente na chegada dele, e por vários fatores, tudo isso foi possível.

Só tenho a agradecer por tudo o que passei, pelas pessoas que estavam ao meu redor e a vinda desse bebê tão adorável.

Seja bem vindo Phillipe, venha ser feliz com a gente!!

Seja bem-vindo, Phillipe

Seja bem-vindo, Phillipe – um mundo novo espera por ti!

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Programa que explica bem o porque eu queria tanto esse tipo de parto:

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PS.: Não tem fotos do momento do parto porque uma das minhas exigências era que o meu marido não levasse equipamento profissional e muito menos que disparassem flash no bebê – o paritório, como eu pedi, estava escuro e com a câmera amadora sem flash, ficou impossível registrar alguma coisa, só mesmo as lembranças que ficaram para sempre impressas na minha memória e de meu marido.

PS2.: 6 dias depois do parto eu já estava com 5 quilos a menos de quando engravidei e meu corpo já voltou praticamente ao normal, fiz uma ultra e o útero já se recuperou, acho muito importante colocar isso aqui, porque é uma das vantagens de se ter um parto dessa maneira, a recuperação é mega rápida.

PS3.: O hospital que eu tive o bebe em Madrid, na Espanha, é PÚBLICO com excelentes condições para a mãe e o bebe, coisa de primeiríssimo mundo. Na saída, além da papelada toda, eu recebi uma carta onde dizia que apesar de ser tudo gratuito, eles estavam me mandando uma conta de 1350 euros para que eu tivesse noção do quanto valia aquele serviço e que eu desse valor pois tudo estava sendo pago pelo bolso do cidadão Madilenho.

Denise Nappi - já mãe canguru - e seu pequeno Phillipe

Denise Nappi – já mãe canguru – e seu pequeno Phillipe

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NOTA DO BLOG: Agradecemos muito muito muito à Denise Nappi, mãe do Phillipe, pelo presente que foi pra nós ter compartilhado aqui o relato de parto dela [que eu, carinhosamente apelidei de ‘parto dos sonhos’ – bom, pelo menos dos sonhos do AG, é! Coisa mais linda do mundo… me emocionei zilhões de vezes enquanto preparava o post – e olha que não sou das mais derretidas] – leia quantas vezes puder, inspire-se e tome coragem de correr em busca do seu parto dos sonhos, seja ele qual for [embora desejemos também a todas futuras mães que tenham bons sonhos ;]

9 Respostas to “Relato de Parto Natural/Leboyer”

  1. Fabi 13 de setembro de 2013 às 9:15 AM #

    É realmente o sonho de parto de todo mundo, principalmente pela rapidez. e tranquilidade. Eu fiquei 3 dias sentindo dor e por final das contas já tava pedindo pelamooooooooooor de Deus, faz esse menino sair de qualquer jeito! Muito bonito o relato, vale a pena ler e mentalizar 😉

  2. Nelly 6 de novembro de 2013 às 10:16 AM #

    Lindo! onde foi? qual hospital?

  3. Mariléa 6 de novembro de 2013 às 12:45 PM #

    Que lindo relato!!!! Meu parto tb foi em Madrid! E foi lindo e emocionante! Gostaria de saber em qual hospital foi o parto da Denise Nappi…
    Muito obrigada!

    • Denise 11 de novembro de 2013 às 7:58 PM #

      Meu parto foi no hospital Torrejon de Ardoz, Neide e Marilea.

  4. Amanda Fagundes 12 de dezembro de 2013 às 11:58 AM #

    QUE RELATO LINDO!!!!! Meu sonho é ter parto normal, não sei se conseguiria o natural, mas tenho pavor a cesárea! Parabéns, muito lindo!

  5. Graziele Ferreira 7 de fevereiro de 2014 às 10:02 PM #

    Lindo relato !!!tive meus dois filhos de parto normal ,no primeiro tive indução assim que cheguei ao hospital ,episiotomia e as intervenções com o bebê ,no segundo ,procurei informação e tive ele sem indução e sem episio ,porém gostaria que fosse muito diferente ,o mais natural possível ,quem sabe um dia ….

  6. yolanda 8 de fevereiro de 2014 às 9:09 AM #

    Qué historia tan bonita,,ser madre es una experiencia inolvidable,y única.Intentaré. Traducirla porque merece la pena leerla Un besazo a los tres.💋💋💋💋

  7. Ana Gabriela 8 de fevereiro de 2014 às 12:37 PM #

    Lindo , tbm tive meu filho normal, em hospital publico e um sofrimento de 36 horas. Mas graças a Deus meu filho veio ao mundo com muita saúde.

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  1. Papo de pai #1: Ano Um | andoGESTando - 6 de agosto de 2014

    […] mim, assistir ao parto do meu filho foi a maior evidência da nossa natureza animal. É realmente um milagre, mas sem nenhuma relação […]

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